Carlo Danna nasceu em Viterbo, a cerca de 100 quilômetros de Roma, e chegou ao Brasil em 2000 já como um dos principais técnicos do mundo quando se fala em Tiro Esportivo. O italiano é um dos principais, se não o principal, personagens para o alavancar da modalidade do tiro esportivo, em especial o tiro ao prato, no Brasil.
Danna se destacou como um dos 49 técnicos estrangeiros contratados para tentar colocar o Brasil, país-sede dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, no top 10 do quadro de medalhas da época.
De passagem pelo Clube de Tiro Black Bull, localizado na Fazenda Lagoa, BR-343, em Altos (PI), o técnico, que também já foi atleta da modalidade, conversou um pouco sobre sua grande trajetória no território nacional e internacional.
MODALIDADE ESPORTIVA NO BRASIL
Os primeiros pódios do Brasil na história dos Jogos Olímpicos foram conquistados no tiro, na Antuérpia 1920. Guilherme Paraense foi ouro, Afrânio da Costa conquistou a prata, e a equipe nacional levou o bronze em três provas diferentes de pistola.
“O esporte é pouco conhecido, mas é maravilhoso, pois é uma escola de vida e terapia por ser um esporte fortemente emocional. Tudo que é emocional, nós sabemos muito bem, que mexe muito conosco, é que permite nos fazer coisas que nos expressemos ao máximo em tudo aquilo que nós fazemos”, disse Danna.
Danna ressaltou que o tiro esportivo, que também é um esporte olímpico, é muito pouco comentado em relação às demais modalidades esportivas. Porém, ele pontuou que é o esporte que possui menos acidentes pelos que praticam.
O mestre do esporte já foi atleta da modalidade pelo mundo por cerca de 30 anos. Dentre os seus principais feitos está o Mundial e o Troféu Europa, além de várias provas nacionais.
INÍCIO DE TUDO
Danna contou ao CTBB que iniciou um pouco tarde na modalidade esportiva, tendo seu primeiro contato com o esporte aos 15 anos, porém a prática só foi possível quatro depois após uma paixão jovial em um determinado evento.
“Uma mulher na vida de um homem, que dá uma certa orientação. Naquele momento a filha de uma atleta de tiro me interessou e meu cunhado me convidou a participar como expectador em uma prova. Eu fui e lá me inscreveram sem eu saber em uma prova de juniores, eu e mais quatro outros atletas. Na época fiquei muito chateado por isso, porém para não fazer o papel de covarde na frente da mulher eu fui. A prova era 10 pratos e eu quebrei nove deles, assim ganhei a taça. Naquele momento eu me apaixonei pelo esporte e entreguei o prêmio ao meu pai”, explicou.
VIAGENS PELO MUNDO
“Eu terminei aos 50 anos de idade como atleta, pois o presidente da Federação Italiana me convidou a ser técnico da seleção de tiro italiana. Eu aceitei o cargo, pois ainda estava em atividade e ser atleta e técnico não era compatível. Fiquei lá por quatro anos, e depois, por uma série de razões, deixei o país e fui ao México. No país mexicano fui para ter a experiência de treinar o filho do então presidente da federação internacional de tiro olímpico que estava começando a atirar. Fiquei lá por dois anos”, argumentou.
Ele ressaltou que após sua passagem pelo México veio em direção a terras brasileiras, convidado por um amigo.
“Vim [ao Brasil] e gostei. Ao chegar aqui vi que o tiro praticado no Brasil era muito primitivo. Achei que poderia contribuir e dar uma melhora, porém acabei ficando aqui”, relatou.
MODALIDADE ESPORTIVA NO BRASIL
Os primeiros pódios do Brasil na história dos Jogos Olímpicos foram conquistados no tiro, na Antuérpia 1920. Guilherme Paraense foi ouro, Afrânio da Costa conquistou a prata, e a equipe nacional levou o bronze em três provas diferentes de pistola.
“O esporte é pouco conhecido, mas é maravilhoso, pois é uma escola de vida e terapia por ser um esporte fortemente emocional. Tudo que é emocional, nós sabemos muito bem, que mexe muito conosco, é que permite nos fazer coisas que nos expressemos ao máximo em tudo aquilo que nós fazemos”, falou o instrutor.
Danna ressaltou que o tiro esportivo, que também é um esporte olímpico, é muito pouco comentado em relação às demais modalidades esportivas. Porém, ele pontuou que é o esporte que possui menos acidentes pelos que praticam.
O mestre do esporte já foi atleta da modalidade pelo mundo por cerca de 30 anos. Dentre os seus principais feitos está o Mundial e o Troféu Europa, além de várias provas nacionais.
“Após minha chegada o esporte melhorou, porque, mas sem dizer com presunção que foi tudo minha participação, porém a minha participação foi bastante significativa pois eu instiguei a mentalidade do atleta. Antes eles não se preocupavam com a mente. Então, muitas pessoas que antes praticavam esse esporte por diversão começaram a praticar como atletas de verdade”, relata.
“CUIDADO COM A MENTE”
“A ciência comprova que tem uma mente consciente e outra subconsciente. A mente consciente é aquela que usamos quando estamos pensando e conversando, como agora. Já a mente subconsciente é aquela que capta toda as informações ou aquela que aconteceu em nossa vida (a partir de quando nascemos até morrermos). É comprovado que mais de 80% daquilo que fazemos durante o dia fica em nossa mente subconsciente. Então o tiro, como qualquer outro esporte, é feito através do nosso subconsciente, é automático. Enquanto a mente consciente prepara para fazer o gesto técnico, o gesto técnico é executado pela mente subconsciente através de um arquivo que se cria, ou seja, a repetição. Por isso a importância de treinar para adquirir mais e mais imagens e sensações que ficam lá guardadas e vão ser usadas no agir nosso”.
SUPERAÇÃO DO MEDO
Carlo Danna pontuou que a maioria dos atletas possuem seus pais, amigos e familiares durante as pequenas competições como espectadores dos eventos. Entretanto, durante uma Olimpíadas, por exemplo, o atleta precisa ter um cuidado redobrado com a mente ao ver milhares de outras pessoas, em sua maioria desconhecidos.
“É um público que grita, bate palmas, e torce, obviamente, pelos próprios atletas. Então na Olimpíadas o atleta de tiro está em uma realidade completamente diferente por isso ele deve estar preparado para não se deixar distrair dos fatores externos que possam prejudicar”, disse.
“Tudo na forma de se praticar esse esporte é conectado às nossas emoções, porque o gesto técnico é a preparação para efetuar o fato. Mas entre um gesto técnico e outro o atleta fica lá esperando por 30 ou 40 segundos. Por isso, é necessário que ele trabalhe a mente em um modo correto para fazer um pensamento pertinente, que são repetidos sistematicamente e que impedem a entrada de outros pensamentos do inapropriado”, completou.
BUROCRACIA BRASIL
Na ocasião, Danna ainda conversou acerca das dificuldades dos atletas em praticar o esporte, além de uma série de documentos para exercer o tiro esportivo.
“É um esporte caro, e aqui no Brasil é muito mais caro do que lá fora. A razão para isso é por que tem impostos altíssimos e ainda tem as dificuldades burocráticas, além do preconceito no uso das armas. É interessante dizer que não existe nenhuma pessoa violenta que pratica o esporte do tiro, pois o esporte em si é usar a arma do modo correto e disciplinado para praticar o esporte”, ressaltou.
“Para que a pessoa possa praticar esse esporte ela precisa apresentar vários documentos, antecedentes criminais e toda uma série de documentos que comprovem que não possuem nenhuma dívida com a Justiça”, contou.
LIVRO “TIRO AO PRATO”
“Eu decidi escrever esse livro exatamente quando ocorreu a pandemia da Covid-19 onde acabei ficando em casa por vários meses. Aproveitei para escrever o livro que foi solicitado várias vezes na minha vida por várias pessoas no mundo do tiro, pois conhecem minha experiência e conhecimento aí eu sempre adiava. Em um dado momento eu resolvi começar esse projeto, mas não muito longo, pois poderia cansar as pessoas. Nele eu escrevi sobre a essência desse esporte e é interessante que as pessoas possam ler, porque lá realmente está explicando o que é realmente esse esporte”, finalizou.